Por Evanilson Caetano Lima
Este tema provoca uma série de questionamentos. Hoje, vivemos em uma sociedade que tem carência de pessoas que sejam “exemplos”, “referências”. Para uma sociedade que busca unicamente seus interesses pessoais, para qual pensar no outro, não se cogita. Nós, como Igreja, somos inspirados na Palavra de Deus, palavra esta criada para nos ajudar, e fundamentada em um único mandamento “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda tua alma e de todo o teu espírito, e ao próximo como a ti mesmo” (Mt 22,37ss.).
Buscando nas Escrituras a face de Cristo, é impossível não retratar a face de Deus Pai, que primeiramente nos deu o maior exemplo de amor que um pai poderia fazer: entregou seu próprio Filho para nos salvar e para propagar o amor, não um amor superficial, mas um amor praticado, amor este que chegou até a cruz. “Na sua vida íntima “Deus é amor”, amor essencial, comum às três pessoas divinas (DOMINUM ET VIVIFICATEM, p.18). Portanto, Cristo traz para nós um dos maiores desafios que existem: testemunhar e vivenciar o amor. Diante desta realidade, diz a Palavra: “Assim como o Pai me amou, também eu vos amei. Permanecei em meu amor ” (Jo15,9) e ainda: “Este é meu preceito: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”( Jo 15,12). Contudo, porque o amor é um dos maiores desafios humanos?
Imaginemos a face de Cristo: um homem que quebra paradigmas desde sua infância, uma infância voltada para a aprendizagem, que sempre buscou ajudar e entender as pessoas, um homem que nos seus 30 anos começa a visitar e a pregar para o povo um projeto divino. Ele não vem para condenar as pessoas daquela época, pois era uma época carente de testemunhos vivos. Jesus chamou para si doze discípulos onde buscava dar testemunho de mais perto e ensiná-los particularmente a serem testemunhas vivas, testemunho esse que soube verdadeiramente resumir em um único sentimento: o AMOR.
Pensemos que esta palavra está tão desgastada na língua portuguesa, por uma forma errônea de compreensão e sendo tão repetida nos dias de hoje que perdemos verdadeiramente o sentido da mesma. Já na língua grega, o amor pode ser traduzido de três formas diferentes, Eros, aquele amor que é apaixonado, sem limites, buscando a valorização da sensualidade; Philia, amor fiel aos amigos e familiares àquele que busca o bem do outro; e, por fim, Ágape, “o amor da alma”: “É um amor que se distingue dos outros, que todos os reconhecem desde quando ele se manifesta no mundo, porque ele tem, em si mesmo, algo de único, de original, que não pode se reduzir ao homem,” (PHILIPPE, 1998, p. 77). Esse sentimento que Jesus nos apresenta, como um ato de entrega, doação e respeito com os outros, que Ele recebeu do Pai através do Santo Espírito.
Todavia, nossa sociedade, como a do tempo de Jesus, realmente está “carente” de exemplos vivos para que se possa vivenciar uma sociedade melhor, conhecendo assim o outro lado da face de Cristo, aquela que é desfigurada pelas ações humanas, o que chamaríamos de pecado: a falta de amor para com os outros, guerras, um índice de desigualdade social muito grande, isso é verdadeiramente a desfiguração do rosto de Cristo.
Entretanto, podemos perceber que somente por auxílio do Espírito Santo, aquele que é Ágape e gerou no seio de Maria o Cristo Jesus, as pessoas conseguem forças e sabedoria para tentar mudar algumas realidades. Muitos não são capazes de compreender um amor como o de Irmã Dulce que doa sua vida inteira para cuidar dos pobres e de marginalizados doentes. Entretanto não se é necessário fazer algo tão grande, mas apenas cuidar bem das pessoas que estão ao nosso lado, somos desafiados a buscar fazer coisas simples para que possamos entender o valor das coisas grandes.
Bibliografias:
Sagradas Escrituras.
JOÃO PAULO II, DOMINUM ET VIVIFICATEM. Carta Encíclica do sumo Pontífice João Paulo II sobre o Espírito Santo na Vida da Igreja e do Mundo. P.18
PHILIPPE, Marie-Dominique. O Amor, na visão filosófica, teológica e mística. São Paulo: Ed. Vozes, 1998.
"Te exorto a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste"
II Timóteo 1,6
II Timóteo 1,6
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